Quem lê, vive mais...

 [Rosa Montero refere a escritora argentina Graciela Cabal]

Acabou por dizer (embora ela se expressasse melhor do que eu) que um leitor tem a vida muito mais longa do que as outras pessoas, porque não morre até acabar o livro que está a ler. O seu próprio pai, explicava Graciela, tinha demorado imenso a falecer, porque vinha o médico visitá-lo e, abanando tristemente a cabeça, garantia: «Não passa desta noite»; mas o pai respondia: «Não, nem pense, não se preocupe, não posso morrer porque tenho de acabar O Outono do Patriarca.» E, assim que o médico se ia embora, o pai dizia: «Tragam-me um livro mais grosso.»

(Rosa Montero, em A Louca da Casa, capítulo 15, p. 161, Livros do Brasil, 2017, COLECÇÃO MINIATURA ☆ nova série 1)

O vício da leitura

Não conheço nenhum romancista que não tenha o vício desaforado da leitura. Somos por definição bichos leitores. Roemos as palavras dos livros de forma incessante, tal como o caruncho empenha todo o seu ser em devorar madeira. Além disso, para aprender a escrever é preciso ler muito; […]

Um mundo sem livros é mundo sem atmosfera, como Marte. Um lugar impossível, inabitável. De forma que, muito antes da escrita está a leitura, e os romancistas não são mais do que leitores destemperados e descomedidos devido à nossa fome ansiosa de palavras.

(Rosa Montero, em A Louca da Casa, capítulo 15, pp. 160 e 161, Livros do Brasil, 2017, COLECÇÃO MINIATURA ☆ nova série 1)

O coração da marquesa de Aguilar

     La marquesa de Aguilar, buena amiga de Concha, no tenía, como la de Aracena, envidia, celos ni pasión biliosa contra sus conocidas. Ella confesaba que tenía un corazón muy amplio en donde podían entrar muchas personas. Se supone que sucesivamente.